terça-feira, 30 de março de 2010


Quando eu era pequenino


Tenho saudades daqueles tempos.
Tempos em que tudo era perfeito, não havia preocupações nem problemas, olhava para o mundo como se fosse tudo mas ao mesmo tempo nada.
Recordo-me de uma vez em que estava no jardim-de-infância a brincar com os meus amigos. Estávamos a mandar peças dos puzzles Lego uns aos outros. Eram peças para aqui, peças para ali. Os mais fracos choravam porque eram bombardeados intensivamente como se não houvesse amanha. Havia sangue por todo o lado. As peças faziam ricochete, naqueles rostos já completamente desfigurados e ensanguentados, ao ponto de baterem nas mesas e nas janelas salpicando-as de vermelho. Eles gritavam, choravam e pediam por favor para pararmos. A brincadeira não durou mais que algumas horas pois as educadoras de infância chegaram em socorro deles e de seguida puseram-nos de castigo. Mas esse dia foi diferente dos outros. Nós revoltámo-nos e abandonámos o castigo. Corremos ferozmente em direcção as educadoras e asfixiamo-las com as almofadas do dormitório. Elas esperneavam muito, não foi fácil realizar a tarefa. Tivemos que amarra-las com os panos das mesas da cozinha e espetar-lhes com os bonecos do Homem Aranha e do Action Man no ânus. Ao fim de alguns minutos elas paravam de se mexer, primeiro por prazer e depois então por asfixia. Partíamos de seguida para a sala dos brinquedos onde pairavam os pobres meninos que haviam sobrevivido à guerra de peças. Encontravam-se com ligaduras na cabeça e nos braços. Decidimos então deixá-los em paz, já estava na altura de fazermos as pazes…

Enquanto eu e os meus companheiros estavam-mos a brincar ao “quem é que enrola mais depressa” ouve-se um barulho ao fundo da sala. Era um barulho que nos fez estremecer. Olhámos e, para nosso espanto, os outros meninos tinham partido um braço ao poderoso Leonardo das Tartarugas Ninja. Não … Nós não queríamos acreditar … Era o nosso boneco preferido … Eles olhavam para nós como um ar medroso. Tinham a certeza que nós não iríamos gostar do acontecido. E agora?! Tentámos manter a calma… Tentámos mas não conseguimos. Levantámo-nos, agarrámos nos isqueiros e puxámos-lhes fogo às ligaduras. Enquanto eles corriam loucamente pela sala iam puxando fogo, às mesas, às cadeiras, aos cortinados, às almofadas, aos peluches, às Barbies… Às barbies … Originava-se mais um problema … Sim, para infelicidade deles … às barbies … Direito a eles, as meninas saíam da cozinha com facas, garfos e “toyboys” ainda húmidos. Uma delas trazia até uma panela de pressão ainda com os restos do cozido do almoço. Eu fiquei estupefacto … Nunca tinha visto tanta violência em tão curto espaço de tempo… Aquilo não pareciam meninas, pareciam sim os Orcs do Senhor dos Anéis… Cabeças para aqui… Braços para ali… Pernas para acolá….“Toyboys” não sei a onde … Era uma visão incrível. Principalmente quando elas se dobravam, de garfo na mão e a cabeça de um menino na outra, e nós lhe víamos as cuecas com aqueles bonequinhos giros ou até mesmo os ”toyboys” luminosos (esqueceram-se de os tirar, é perfeitamente compreensível).

Por fim saímos do edifício, já não se conseguia lá estar com tanta chama, tanto fumo e tanto sangue…
Nós e as meninas decidimos então ir ao mini mercado roubar uns bollycaos e umas pastilhas Gorila para o petisco da tarde.
Enfim, bons velhos tempos que nunca mais voltarão mas que ficaram para sempre na memoria.

(toyboy = vibrador // Pelo que parece até que são dos bons pois elas as duas, não digo nomes, quando o compraram e possivelmente experimentaram, vinham todas sorridentes...)

Em homenagem   :´(


Sem comentários:

Enviar um comentário